ÁGUA


A sensação de sede é mais imperiosa do que a da fome, pelo que à vida é mais indispensável a água do que a comida.

Assim como o automóvel requer lubrificante, nosso organismo requer água. Se esta Ihe falta, há sérios prejuízos para a saúde. Aparecem, então, muitos distúrbios, como "peso no estômago", inapetência, dispepsia, preguiça intestinal, indisposição geral.

Livremo-nos, pois, das desagradáveis conseqüências da "sequidão" no nosso corpo, e procuremos desenvolver o hábito salutar de beber água em quantidade suficiente, lembrando-nos de que no verão é necessário tomar mais do que no inverno.

Uma pessoa adulta perde quotidianamente dois litros ou mais, que são expelidos em maior parte pela urina, em parte pela respiração, em parte pela transpiração e em parte pelas fezes.

Cerca de um litro nos é fornecido, cada dia. pelos alimentos que tomamos, mormente pelas frotas e hortaliças. O resto devemos prover bebendo seis a oito copos de água por dia.

Quando deve beber-se água? Antes, durante ou depois das refeições? Estas perguntas sempre surgem. Boa praxe é beber dois copos em jejum, dois copos entre o desjejum e o almoço, dois copos entre o almoço e o jantar, um copo depois do jantar. E que espaço se deve deixar tanto antes como depois de cada refeição?

Pode beber-se uma hora antes ou duas horas depois. Durante a refeição não se deve beber. Se a comida, no estômago, for encharcada, a digestão será prejudicada. Dai o espaço exigido.

A água é refrescante e ativa fortemente as secreções intestinais e os movimentos peristálticos. Ela excita as glândulas exócrinas a aumentar as suas secreções e estimula o anabolismo e o catabolismo, sendo portanto um alimento que influi no desenvolvimento físico, e, bem assim, serve de veiculo para a expulsão das matérias desassimiladas.

A água ainda exerce outras funções de grande importância no organismo: Regulariza e distribui o calor animal, segundo a sua maior ou menor evaporação pelos pulmões e pela pele. Pelos pulmões, eliminamos aproximadamente meio litro de água por dia. A evaporação pulmonar tira-nos aproximadamente 15% do calor do organismo. Entra, outrossim, a água, na composição dos tecidos; forma parte integrante das moléculas protéicas; entra na formação do plasma sangüíneo, da linfa e dos demais humores do organismo.

Alguns regimes de emagrecimento prescrevem um mínimo de água. Isto é um erro. Quem adota um regime de emagrecimento deve, ao contrário, beber mais água do que de costume. As células de gordura que se desfazem sob tal regime, fornecem muitos detritos ácidos que necessitam ser expulsos. Impõe-se, assim, às glândulas sudoríparas e, principalmente, aos rins, maior trabalho para drenar os venenos do corpo, pelo que requerem mais água.

A ação refrescante, desintoxicante e ligeiramente purgativa, da água, é mais pronunciada de manhã que ao meio dia. e ao meio dia mais do que à tarde.

A água é a única bebida indispensável, a única que melhor satisfaz a sede. Deve, todavia, ser fracamente mineralizada, porque o excesso de sais minerais a torna indigesta.

A água de poço e de fonte contém minerais, mas o seu índice de mineralização varia de um lugar para outro. A água de chuva é desprovida de minerais. Coze bem os legumes, as hortaliças, etc., mas, como alimento, é deficiente.

Conta-se que, quando a navegação a vapor ainda não estava suficientemente desenvolvida, os foguistas, que trabalhavam sob um calor forte e constante, bebiam muita água para compensar as perdas que sofriam pela sudação. Mas, a despeito da muita água que bebiam, sentiam-se deprimidos.

Descobriram, finalmente, por mero acaso, que esta deficiência podia ser facilmente suprida, misturando-se um pouco de água domar, salgada, à água comum. Assim devolviam ao organismo a porção de sal que iam perdendo com o suor, perda esta que os enfraquecia. Como um dos indícios deste enfraquecimento, os operários braçais sofrem de caimbras nos dias de grande calor. Acrescentando-se, pois um pouco de sal à água, pode-se resistir melhor aos excessos de temperatura.

Os minerais contidos na água, entre os quais o sal de cozinha (NaCI), têm efeito sobre as glândulas tireóides e paratireóides. O uso de água completamente desmineralizada facilita o aparecimento do bócio, muito comum na Cordilheira dos Andes, por causa desta deficiência da água.

As águas minerais possuem virtudes terapêuticas, cujo estudo escapa ao propósito deste capitulo.


Água de poço


Em muitos casos, a água de poço é melhor do que a água de torneira, mas requer precauções.

Para que um poço seja bom, do ponto de vista higiênico, é preciso resguardá-lo de toda e qualquer causa de contaminação. E são muitas. A primeira condição é cavá-lo onde ele esteja afastado de todas as sujidades, mormente das imundicias da casa. Não deve haver depósito de lixo ou fossas dentro de um raio de 50 metros do poço.

Ao redor do poço é preciso impermear uma orla com cimento, com declive para fora, de modo a afastar da vizinhança do paço as águas de enxurradas, que carreiam detritos dos arredores. Se o poço está num lugar cimentado, plano, convém fazer, na abertura, um reborbo (ou bocal) algo saliente, para impedir a entrada de água de fora.

O tanque para lavar roupa ou o bebedouro para os animais não deve ser construído muito junto do poço, para que não haja formação de lama ao seu redor, como acontece com freqüência, misturando-se a urina dos animais com a água de lavagem, que podem penetrar no poço.

Sempre que possível, a água deve ser retirada por meio de bomba, pois assim o poço permanece fechado, ao contrário do que ocorre quando se usa o balde para tirar água - uma prática freqüentemente responsável pela poluição das águas.